Thursday, August 13, 2009

Saturno!



Começo de uma idéia que surgiu ao analisar o estar das pessoas.
Todos estão sempre em algum lugar, mas note como a satisfação do estar nunca é plena.
Parto dessa premissa e se você chegar para QUALQUER pessoa do mundo perguntando:

"- Se você pudesse estar em lugar diverso, agora, onde você estaria?" - as respostas poderiam variar, mas o estar sempre poderia se dar em outro lugar. Alguns diriam que estavam bem onde estavam, mas que uma passagem de graça para Paris não faria mal. Os parisienses, por sua vez, reclamariam do frio e desejariam o litoral latino. Os entediados pediriam alguma aventura em outras divisas e os apaixonados à distância diriam a latitude e a longitude do destino com precisão.

Como justificar essa inquietude do estar se, no final, tudo é mundo e se, não importa bem onde você esteja ou pra onde você está indo, de alguma maneira, ao chegar lá, você vai querer estar em outro lugar?

Penso que, talvez, tentemos acreditar que a insatisfação subjetiva poderia ser atenuada com a supressão da suposta insatisfação espacial. Uma das coisas que deve demonstrar alguma evolução no homo sapiens sapiens - e deve se enquadrar em algum conceito de "felicidade" - é o saber estar onde se está, com o que tem, com quem tem e conseguir estar pleno exatamente nesses moldes, precisamente nesse tempo-espaço.

Enquanto permaneço no modo neanderthalis, sigo olhando pras estrelas. E não me perguntem onde gostaria de estar.


"Que minha solidão me sirva de companhia.
que eu tenha a coragem de me enfrentar.
que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim
me sentir
como se estivesse plena de tudo..."

Clarice Lispector