Saturday, April 19, 2008

Trinca, trinômio, tríade,...

Pé em Deus
e
Fé na tábua.
(Cantem direito, caralho!)



Multidões são coisas bastante peculiares. A heterocomposição de uma multidão em um show gratuito pode te dar sensações diferenciadas a cada metro explorado.
Nos primeiros passos, policiais com cachorros grandes e simpáticos. Vc se pergunta se ainda está com o cheiro daquele bife do jantar, com medo de atrair o singelo bichano e suas fungadas instintivas e ser confundida com uma traficante de drogas de alta periculosidade.
Em seguida, vc é revistada gentilmente e, se eles possuem detectores, ótimo!...se não...PUTZ! Com as mulheres, se vc pegar uma daquelas Tiazinhas-machão que enfiam a mão com toda a delicadeza inerente a um rinoceronte em fúria, vc sairá meio desconcertada, com exclamações do tipo "caráleo, fui abusada sexualmente!"
Ao adentrar o local do show, vc certamente se deparará, mais cedo ou mais tarde, com um grupo de pregos. Aqueles secos que estão parados estrategicamente, prontos para dar o bote ou soltar uma daquelas cantadas que te dão náuseas. Vc passa, entre o grupo, por falta de opção (a posição é realmente estratégica) e os seres, desprovidos de qualquer tato: "oi, princesa! (....porraaaaa...princesa é muito decadente) - vc finge que não escutou, olha para o alto, dá uma de autista e o cara, famoso "porre da meia-noite", insiste em mais uma atitude desesperada "powww, gatinha, vem aqui", puxando seu braço, para não dar margem a uma fuga alternativa. Nesse momento, vc se pergunta quem é o energúmeno que está tocando sua pele. Pela cabeça, várias opções se passam como "vá tomar no $@#%$#, seu acéfalo!"...em dias de TPM, essa frase flui naturalmente. Em momentos mais diplomáticos, vc tira seu braço das mãos do inimigo de forma um pouco mais brusca, sorri amarelo (prêmio de consolação para o babaca) e acelera na luta para avançar entre pés e corpos do grupo de galanteadores natos, em busca da tão almejada liberdade.
Meia hora depois dessa batalha, já transpirando com o calor humano caracterizador de multidões, vc procura enxergar o cantor/banda que, supostamente, está lá. Supostamente pq, afinal de contas, vc não consegue ver. Um vulto no meio do palco, é isso que sua visão míope consegue visualizar. O som, abafado pelo blablabla de pessoas que nem gostam da banda e só estão lá pq é de graça e querem socializar.
Nesse meio tempo, sua paciência se esgota, juntamente com a animação inicial que foi por água abaixo. Chega o momento de entrar em contato com os conhecidos (nesses eventos, todo mundo
diz que vai e todo mundo diz que vai te ligar qdo chegar lá). Vc retira o celular, se perguntando se ele ainda está na bolsa e, se vc não teve a má sorte, começa a tarefa herculéia de se comunicar nesse turbilhão. Liga uma vez, o ser atende, vc grita "VC TÁ AONDE?" e, desesperadamente, escuta um murmúrio:
"- Tôôôôôô do lado esquerdo do palco"
E vc tenta traduzir e, grita:
"- AONDEEEEE???"
E o outro, sem entender bulhufas tb:
"- vc tá aondeeee???"
Vc desiste de entender, desliga sem dizer tchau (seus créditos já foram pela metade) jura que ouviu algo como "lado esquerdo" e começa a procurar. Vc luta por um espaço, levanta a cabeça entre as pessoas e entende, finalmente, que o lado esquerdo possui duas mil pessoas.
Desiste de procurar e, quando o show acaba (ou vc - o que vier primeiro), encontra todo mundo que procurou o show inteiro e entende que o melhor mesmo é só chegar no final desses eventos.


Thursday, April 03, 2008

Reticências

2008 chegou me consumindo por completo.

Em um espirro solto esse texto:

Comecei a trabalhar e crescer tem me parecido assustador. Um diploma acenando ao longe e as responsabilidades que só aumentam. Como as pessoas não falecem de úlcera aos 40?
A minha maior dúvida no momento é...quando o mercado de trabalho pára de consumir nossas energias e nos deixa livre para respirar e viver?
A aposentadoria chega quando vc sente dores nas juntas e não aguenta mais grandes emoções. Beirando o caixão, a vida recomeça cheia de oportunidades mas as ferramentas para o pleno usufruto foram levadas com o tempo.
Capitalismo selvagem, vida, louca vida, vida breve. Todos os clichês e frases famosas começam a fazer sentido.

(...)

...e deixa o tic-tac me levar.


Ouça meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com o meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar
Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que
Não se vai ao longe
Eu semeio o vento
Na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade.